quinta-feira, 7 de julho de 2011

tocarei até que os dedos me doam

Encontro gentes de outros tempos, de outros palcos. Gentes com quem toquei. Outros que admirei encostado ao palco, a sonhar um dia estar lá em cima, como eles, e as suas fartas cabeleiras à Deep Purple ou Black Sabbath. Hoje reencontro uns, e outros, revejo velhos amigos, faço novas amizades com alguns que afinal sempre ouviram falar de mim, tal como eu ouvia falar deles. A música, e o bichinho que continua em torno dela mantém-se vivos, ao ponto de se fazerem projectos de novas formações, apesar das poucas probabilidades de concretização. Mas porque contestar? Afinal porque não se pode pensar que tudo é fácil como nos tempos dos anos setenta? Sei que não é. Sei até que o mais certo é nada passar da ideia, do sonho, assim como que num projecto à laia de canto do cisne. Mas não serei eu a dizer que não. Porque afinal, no meio de tudo, apesar da idade, sou o que continua a exercer a prática fora do sofá, e das festas de amigos. Porque enquanto me agradar, e agradar, não desistirei de tocar, fora das portas do conforto. Por isso, três vezes por semana, carrego a tralha no carro, monto, toco, canto, berro, faço a festa, atiro os foguetes, apanho as canas, desmonto, carrego, descarrego, e estatelo-me na cama, exausto, mas feliz. E quem sabe, um dia não aparece aí uma banda do reumático, misto Seixal-Trafaria...

2 comentários:

  1. E porque não? O tempo é o que dele fazemos!
    Estás na musica por paixão, porque sem ela não serias talvez a pessoa que hoje és, idealista, sonhador e sobretudo feliz. Continua, sozinho ou acompanhado, pouco importa, ... que enquanto dure, seja eterno... Beijo

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Sputnickadelas