quinta-feira, 28 de julho de 2011

efeito dominó

O senhor A, sempre esteve ligado ao sector da construção. Uns vinte e tantos anos. Ao contrário da esmagadora maioria dos seus concorrentes, não era pato-bravo, não mora em vivenda, mas num normalíssimo andar, nunca se exibiu em carrões, e ao contrário da tal maioria, possui bom gosto, cultura, e acima de tudo sempre usou de muito rigor nas suas obras, exigindo aos seus empregados e fornecedores, o mesmo rigor. O resultado sempre foram boas construções, e a preços moderados. Contudo, o vento mudou. Consumou-se o que já se previa - Portugal tem casas a mais. Diz quem sabe que estamos servidos para a próxima década. E chegou o dia em que os bancos que andavam sempre de volta do Sr. A, instigando-o a fazer mais umas urbanizações, de repente lhe dizem que não, que afinal não é oportuno, mesmo sabendo do património que já estava em jogo, ou seja, pronto a vender. Hoje, quem deveria apenas financiar, ou não, encontra-se também no papel de vendedor, exercendo uma concorrência desleal. Por isso o senhor A, parou de negociar. Afinal os bancos começaram a vender o seu producto, e a roubarem-lhe os promitentes compradores. Os pec's, as directrizes da troika deram cabo do resto, e hoje o senhor A, que entretanto vendeu todos os anéis, adoeceu gravemente, e não fugiu para o Brasil, fechou as portas deixando, mais uns quantos desempregados sem futuro previsível.

Que havia de travar esta onde desenfreada de construção todos sabiamos. Havia que travar desacelerando, e não de estancar abruptamente, produzindo casos dramáticos, a juntar a tantos outros. A responsabilidade, a culpa, essa vai morrer solteira, dado que vem da banca, e das facilidades que veio dando, durante décadas, a quem não deveria ter acreditado neles, e a quem, mesmo não tendo condições nem necessidade, comprou casa própria.

Dizia a minha avó - vamos lá cantando e rindo, que isto um dia acaba triste.

Disse recentemente o mesmo, mas por outras palavras, Medina Carreira, cujos números e previsões, até há pouco tempo considerados absurdos e exagerados, continuam a pecar apenas pelo lado inverso.

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