sexta-feira, 15 de julho de 2011

casórios

Peco pela deformação profissional. Ou não. Questiono-me o quanto mudaria a minha opinião sobre os casamentos, se não tivesse feito parte de tantos na qualidade de músico, bem como aqueles em que participei como convidado. Ou não. Existe um ditado no Brasil, mais ou menos assim "passado de mulher e cozinha de restaurante é melhor você não conhecer, se você conhecer, não vai comer". Não aplico à letra ao evento que é um casamento, mas conhecendo os bastidores, as praxes, as tradições, na quantidade que conheço, não tenho dúvidas em dizer, salvo honrosas e raras excepções, que um casamento para mim, é uma seca, e mais um acontecimento igual a tantos outros, desprovido de genuinidade, onde praticamente se faz porque outros fizeram, a preços escandalosamente milionários. Lembro-me de num desses acontecimentos dar com o noivo, sentado num canto, solitário, e desabafar meio aliviado - já acabou, tanto trabalho, e nem dei pelo dia passar, ainda bem que o meu sogro é que pagou isto tudo. Não foi um casório barato, o palacete em Sintra, o RR cabrio, e os restantes ramalhetes assim o denunciavam, afinal era filha única. Soube mais tarde que o casal se separara, e que o solitário noivo fizera um bom negócio. Porque, na verdade, para ele tudo aquilo fora um negócio, bem planeado. Outros tantos presenciei, cujos banquetes contrastavam com a humildade do quotidiano. Sabe-se que, quem ganha dinheiro com os casórios tenta ao máximo potenciar os seus lucros, sugerindo isto e aquilo a preços exorbitantes, porque aquele é O dia, e usam e abusam do apelo ao único e especial, tal como o cangalheiro na hora da escolha da urna provoca apelando à culpa - um caixão modelo económico? O seu marido só valia isto? E pimba, lá se vão mais uns milhares em nome da honra, e do complexo. Amanhã celebra-se o casamento de alguém que muito estimo. Com muito prazer espero estar presente, por quem é, sem contudo deixar de pensar como penso. Espero de coração, daqui a uns valentes anos, poder celebrar a continuidade da união que amanhã se inicia, e porque sei que amanhã verei uma celebração cujo ritual não me trará surpresas, vou sugerir aos noivos, que mais tarde, após provas dadas pelos anos passados, tornem a celebrar o acontecimento, por exemplo, num luau. Isso sim, agrada-me. E creio que aos ditos, também.

1 comentário:

  1. Descalços, com pouca roupa e na intimidade de uma bela praia, quem não gostaria de celebrar o casamento assim? Um luau, a mim tambem me agradaria bastante. Beijo

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