Após um soberbo dia de praia, lá pelas bandas do Meco, nada melhor do que um panaché na esplanada, antes de enfrentar os 39 graus dentro do carro. Esplanada cheia, joga-se conversa fora, espreitam-se as revistas e os jornais, os empregados não têm mãos a medir a servir tudo o que houver de fresco. O casal entra de mão dada, suscita alguns olhares que logo se perdem outra vez na tagarela. Ao balcão, qual pombinhos, ele foi beijos, abraços, dichotes ao ouvido, risos, gargalhadas e mais beijos, tudo numa toada que não podia passar despercebida aos presentes, dada a euforia, audível. Repetiram-se os olhares, agora menos discretos, ao casal que de boca colada, mão na mão, bebricava o seu refresco, aparentemente alheio aos mirones. Terminou a bebida, e lá sairam abraçados, rumo, quiçá, aos areais e suas àguas convidativas à continuação do romance. Da mesa ao lado da minha, gente senior abanava a cabeça em ar de reprovação. Excalmava um - que pouca vergonha, dois homens nisto, à frente das crianças. Dizia a senhora - o Salazar faz cá muita falta, ai se faz! Diz outra - mas agora eles podem, desde que o Sócrates autorizou. Mas precisavam de estar naquilo? - dispara. E responde a mais democrática - se fosse um rapaz e uma rapariga, ninguém ligava. Houve ali um silêncio, no qual aproveitei para pedir mais um panaché. Volta o mais razinga à carga - se estivesse aqui a tua neta, concerteza que não gostavas que ela visse aquilo! Não digas disparates - senteciou a senhora - a tua neta tem colegas cujos pais são mesmo sexo, portanto para ela é normal. E legal - fechou o assunto, o mais calado do grupo.
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