sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Anjo do Leste


Veio de lá de longe, da Ucrânia, naquela época em que se dizia lá por fora que em Portugal se vivia bem, se ganhava bem. Triste engano. Conheci-a quando em 2003 comecei a frequentar o Baía, que ela geria com mestria, uma mulher altiva, imponente, linda, de um olhar azul que coloca qualquer pessoa em sentido, e somando a isto tudo, uma competência irrepreensível e discreta, que mais tarde vim a conferir quando, nas noites musicais que iniciei precisamente ali, no Baía.
Hoje, continua a mesma mulher, com a mesma pose e beleza, que nem os anos, nem o cancro da mama, e a inevitável quimioterapia, foram capazes de demover.
Há meses, em boa hora soube que ela procurava trabalho, na hora em que a minha mãe tinha dispensado, a não sei quantas, empregada. Em melhor hora se conheceram, e desde então vivo mais tranquilo no que toca a quem priva com a mamã. Adoram-se mútuamente, numa relação que pouco tem de patroa-empregada. Aproveitando a boleia, pedi-lhe, à Marsha para dar uma mãozinha lá em casa, pedido aceite com agrado, e com agrado, alguns caos de arrumação, tomaram uma ordem, fruto das discretas sugestões, que sem palavras, foram dando os seus frutos, na harmonia e disposição de objectos.
A Marsha foi à terra, e todos lhe notaram a falta. Ontem ao chegar a casa, achei-a diferente sem saber porquê, ao entrar na casa de banho vejo a tralha dos after-shaves e colónias todoa organizadinha, e suspirei, a Marsha voltou. O pensamento imediato foi para a minha mãe, que me acaba de telefonar como se tivesse ganho o euromilhões - A MARSHA VOLTOU!!!
Já dei por isso, respondi. E assim, todos ficam mais arrumadinhos. Bem hajas Maria.

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Sputnickadelas