terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Usos e Esquemas

Conheci o JP, na década de 90. Homem para uns bem conservados sessente e poucos anos. Administrava uma empresa de distribuição, representante de conceituadas marcas cujas sedes, visitava com frequência, por essa europa fora. Em Portugal, fazia com alguma periodicidade algumas convenções de vendas, onde, em hoteis de grande porte, eram expostos os productos, à clientela que caso tivesse alguma dúvida, logo era esclarecido por um comercial da empresa, ou por uma prestável menina, contratada para o evento. As meninas, sempre jovens, eram, para além das canetas caras, charutos e Jaguares, a perdição do JP, que usava habitualmente a mesma tática de sedução - no meio de promessas várias e vagas da colocação da menina nos quadros da empresa, lá carregava o JP a que mais lhe agradava, (ou se prestava ao efeito) para as convenções, congressos, deslocações ao estrangeiro. Sob pretexto da contenção de despesas, a promitente promotora era avisada já no local, que teria de partilhar o quarto com JP, que previamente tratara de garantir, não duas camas, mas uma cama, de casal. Assim procedia, aos olhos daqueles que de perto, testemunhavam este invariavel procedimento, que depois terminava com uma desculpa esfarrapada à candidata a promotora comercial - a menina não reúne as condições pretendidas.
Tudo caminhava às mil maravilhas ao JP, até que se ter perdido pela difícil L, promotora de uma marca concorrente. A L era sem dúvida bela, capaz de despertar desejos a qualquer macho que se preze. Mas claro, o JP foi mais longe, e tratou de assediar a L para a sua organização, proeza que conseguiu, dado que a remuneração era deveras tentadora. Logo de seguida, o JP coloca em acção o plano B, uma deslocação a Barcelona. E claro, a L teria de o acompanhar, sendo devidamente compensada pela empresa. A tudo isto, a L não achou estranho, dado que já fizera deslocações na empresa anterior. Até que se chega ao episódio do quarto único. Nunca cheguei a saber o que se passou no quarto com uma cama, algures em Barcelona. Sei o que quase todos souberam, porque estas notícias voam - que a meio da noite, a L saiu do hotel, deixando o JP a ressonar. Dele, apenas trouxe o telemóvel, e desse fez apanas uma ligação, à mulher do JP.
E por aí ficou o assunto. JP, apostara no cavalo errado, que lhe acabou com o esquema.
Recentemente, perante as notícias do assassinato em Nova Iorque, pensei, onde é que eu já vi isto? A cama, o cavalo errado, e o fim do esquema.

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