sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

falar e fazer


Ou como dizia o camarada Álvaro Cunhal - entre as palavras e os actos vai uma grande diferença. Eu afirmo convictamente que há toda a diferença. Isto a propósito dos rebuliços em andam os meios de comunicação e os orgãos ditos responsáveis pelos descalabros, sobre dois temas que já todos estamos carecas de saber - a do abandono e solidão de pessoas da terceira idade, a que agora apelidam de séniors; e a do desalento da geração Deolinda, os que passaram de rascas a à rasca. Fica bem falar do assunto. E até são assuntos que vendem, porque são mediáticos, porque a eles se está sensível, porque se não for aqui em casa, há sempre um caso para contar, aqui ao lado, ou alguém conhece alguém que tem um velho em modo solidão, ou um ex-jovem encalhado em casa, no quarto onde a mobília é tão velha como o ex-jovem, velho portanto o jovem, que já não tem idade para primeiro emprego, e ainda não atingiu a idade da reforma. E assim se fica, e assim se fala, se discute e se debate, e assim se finge que se fez algo, apenas porque se falou. Mas do fazer, apenas se fez - falar, falar, falar, e não se fez nada.
Resta a mórbida consolação de que por via deste rumo, poucos velhos morrerão sózinhos, pois os filhos, não lhes sairão de casa tão depressa...
Do mal o menos.

1 comentário:

  1. Quando o coração fica de pedra, quando não sabemos amar, quando nos preocupamos apenas com o nosso umbigo, quando nos esquecemos que um dia também nós vamos ser velhos, é o que acontece...
    Somos atingidos pela amnésia, olhamos para o lado, fingimos não ver, e assim deixamos morrer na solidão quem um dia nos amou, nos acarinhou, nos ensinou tanta coisa ou ainda tinha tanto para nos ensinar... que pena!!!

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