segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

doce vida



Não substimo o poder de sedução de uma criança. Das sugestões que dei à minha sobrinha para uma saída de domingo, caíram por terra as opções Oceanário, Jerónimos-Museu da Marinha-Planetário, com direito ao pastelinho, e ganhou a da catraia - vamos ao Dolce Vita Tejo! Qual? aquele que é o maior de todos, tem lojas com coisas super-baratas, e até tens lá uma loja de música, tio! Este tio acompanhado de olhar em modo súplica, olhinhos do gato do Shrek, misturado com o modo, se me levas a ver porcarias, vou andar amuada. Anuí, conformado, embora satisfeito pelo sorriso de alegria causado.
Lá se rumou, manhã cedo ao maior dos maiores centros comerciais, com os seus mega acessos, os seus mega-parques, e as suas centenas de lojas, para a alegria das famílias. Eu incluído, pouco alegre, por motivo justificado. De caminho fiquei a saber que a pequenota, sabe de cor e salteado, os caminhos, os locais de estacionamento mais convenientes, e onde se situam as lojas pretendidas. De caminho de regresso, ao passar por outras mega-superfícies comerciais, não pude deixar de associar, quantas crianças, apenas sabem os caminhos deste ou aquele grande espaço, não abrindo mais horizontes que não sejam comprar, comer hamburgers, ver filmes e emporcalhar o espaço com pipocas.
Como a culpa vem sempre de cima, comecemos a culpar os pais destas crianças, que não sabem eles, ou esqueceram outros caminhos, e seguindo a linha da culpa, aqueles que, contra todo o restante conceito europeu do que é a qualidade de vida, a cultura, e o comércio, e o regulamentam de forma equilibrada, autorizaram e continuam a autorizar estes mamarrachos que em nada contribuem para a nossa economia, dado que tudo o que vendem, não é produzido no país.
Triste o meu país, e algumas das suas gentes que se deixam empobrecer na carteira e pior, culturalmente.
Subscrevo um comentário ouvido há dias, sobre a situação de falência em que nos encontramos - Portugal é uma barraca: com os maiores hipermercados, e estádios, na horta, e dois submarinos à porta.
A ver se num domingo destes me vou aos pastéis.

1 comentário:

  1. Vendemo-nos por pouco...Um país com tanto sol criou o vício de passear portas adentro em cidades onde o ar que se respira é condicionado! É que é mesmo triste!
    A única vantagem é que se um dia formos obrigados a construir cúpulas gigantes para podermos permanecer neste planeta, os portugueses levam, de avanço, anos de experiência em relação aos outros povos. Eu, pelo menos, não conheço país nenhum com tantos centros comerciais como o nosso. Nem os de climas bem mais rigorosos!

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