quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

de salivar




Das minhas actividades musicais, em locais onde se confeciona comida, nunca dispensei, se autorizado a umas espreitadelas à cozinha, onde em saudável convívio, vou aproveitando e observando a preparação, os temperos, sentindos os aromas de pratos que por vezes são obras de arte, a tal chamada cozinha de autor. Se o chefe do Taberna, me dá umas dicas, já as tive da cozinha de um saudoso restaurante com estrelinha Michelin, e também da D.P, do ainda mais saudoso Baía, e ela que sempre me advertiu - Sputnick, o segredo da mistura dos temperos, é não deixar que algum se faça notar acima dos outros. É dessa alquimia, que se fazem aqueles molhos que todos elogiam, sem saber identificar o que lá vai dentro. Quanto muito arriscam, leva isto, e mais aquilo, mas nunca se acerta na combinação, nem na porção. É como acertar dois números no euromilhões. Não dá bingo.
Ontem, inspirado nos conselhos da D.P e nas memórias que guardo das visitas que lhe fazia à cozinha, partilhando um Famous Grouse, à laia de protagonista d'O Perfume, misturei leite de coco, com polpa de tomate, com caril, com mel e limão, e mostarda, e mais o que nem me lembro. Juntei-lhe uma postas de bom peixe, camarão descascado, mas com cabeça, bananas e tâmaras, e ala tudo no tacho, enquanto se aldrabava um arroz, e o tinto respirava.
Quem provou, gostou e repetiu.
O vinho não o inventei, mas escolhi-o, daqui bem perto, um Dom Martinho, da Bacalhoa. Ui, coisa boa.
Qualquer dia, passo à reforma, abro uma casita de petiscos, e canto umas modinhas. No litoral alentejano, parece-me bem.

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Sputnickadelas