quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

o Zé



O Zé Lello (nome fictício, fica bem dizer-se) é uma figura típica aqui da região. Não é de forma alguma o único. Arrisco em juntar-lhe umas boas centenas, aqui pelo distrito, de costumes, hábitos, métodos e técnicas de (sobre)vivência, semelhantes. Mais que semelhantes, tiradas a papel químico. Lembro-me de quando o Zé se instalou aqui na zona, de armas, bagagens, mulher e filhos, erguendo uma casa com placas de aglomerado de madeira, em terrenos municipais, um pré-fabicado, com terrenos à volta, que o Zé não cultivou, quem sabe se por falta de arte, se por se saber em terras que não eram dele.
Outros tempos vieram, e o generoso município ofereceu um belo segundo esquerdo, a custo zero, ao Zé e sua família, num bairro social novinho em folha. Bem, nem a toda a família, pois mal se soube do veredicto, o filho mais velho do Zé, quem sabe, o Zézito, construiu da noite para o dia, um barracão ao lado do pré-fabricado, e teve direito a um primeiro direito. Óbviamente, também a custo zero, pois embora moçoilo espadaúdo e robusto, ao Zézito, nunca ninguém o viu trabalhar.
Hoje, conduzindo o meu pópó, num cruzamento, quase sou abalroado por um garboso veículo automóvel, e qual não é o meu espanto, quando vejo o Zé a dizer-me, abrindo o seu vidro escuro e eléctrico - aiiiiiiiii, a culpa era tua!
Até nem era, ele não respeitara o Stop, e apresentava-se à minha esquerda. Enfim, lá seguimos viajem, cada um para seu lado. Fora só um pequeno susto, e ainda bem que assim foi, pois duvido que o Zé, pobre como é, vítima da sociedade como é, marginalizado como é, não tenha posses para o seguro automóvel. O Zé, pertence ao grupo daqueles que, nada têm (em seu nome). E assim sendo, o prejuízo fica para quem tem...
...
E tenho cá para mim, que o Zé, nem deve ter carta de condução, mas isso é coisa do meu pensamento.

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Sputnickadelas