sábado, 11 de dezembro de 2010

inconformado

Uma viola está para um músico, uns degraus abaixo dos entes queridos, mas só alguns, dado que é um bem material. Contudo, aquela que se elege como a viola da nossa vida, tem algo de nós, é uma extensão da nossa pessoa. Sentimo-la, e ela responde, com se de uma relação amorosa se tratasse. É um amor sólido que quase sempre dura até ao final. Eu tenho a minha Gibson, o meu amigo, JL, tem uma Fender Telecaster , guitarra mítica, muito celebrizada pelo Boss Bruce.
O JL andava eufórico, pois colocara a Telecaster em mãos sapientes a fim de um restauro, que por via da divulgação no Facebook, fui acompanhando. Quase em lágrimas o JL telefona-me ontem. precisava urgentemente da minha opinião sobre o estado em que se apresentava a menina dos seus olhos. Como os amigos se revelam por acções e não por palavras simpáticas, hoje de manhã lá estava eu, junto daquela guitarra que já conhecera de outros toques. O JL abriu o estojo, quase não olhava para ela, e dizia-me, nem a liguei ao amplificador, enquanto ma passava para as mãos. Sentei-me e puxei uns acordes, e incrédulo, dado que conheço quem trabalhou na guitarra, fui verificando que aquela escala está uma desgraça, tão longe do que se pede de um guitarrão daqueles, tão longe da escala macia e precisa, como um Omega, que eu conhecera. O JL não se conforma, diz que vai reclamar. Eu nem sei se me ficaria pela reclamação. O JL está inconformado, eu entendo-o. Não entendo, contudo, como se pode fazer um "trabalho" destes e apresentá-lo como pronto.

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