terça-feira, 1 de maio de 2012

sempre diferentes

Longe vão os tempos em que a minha avó, tendo paredes meias com a habitação, a sua lojinha de roupas, trapos, linhas, agulhas, dedais, e outras coisas mais, atendia uma cliente às escondidas em dia de feriado, não fosse a gnr aparecer. O medo e o respeito misturavam-se, no ilícito acto de desprezar o feriado. Fosse ele religioso, e o sentimento agravava-se ainda mais. Com os tempos da liberdade, veio também a liberdade de flexibilizar horários e dias de funcionamento comercial. Miguel Esteves Cardoso, chegou a defender, nos anos 80, um no stop da actividade. Dizia MEC que ao consumidor lhe deveria assistir o direito de ter à sua disposição tudo, a toda a hora e em todos os dias. Bem, não ficámos tão modernos como o MEC pretendia, mas mesmo assim ficámos muito modernos. A abertura é geral. Resistentes à modernice foram ficando o dia 1º de Maio, e o dia de Natal. Por pouco tempo, contudo. Hoje, dia consagrado ao respeito pelo trabalhador, e apesar dos apelos nas redes sociais ao boicote da compra, os parques de estacionamento encontram-se repletos. A consciência do significado do que representa este dia, é de longe esmagada pelo apelo ao consumo. Assim é este meu país moderno, que mais uma vez contrasta, com a restante Europa, plena de países antigos, que à moda antiga, respeitam os domingos e feriados. Deve ser um tédio viver nessas arcaicas nações. Então o que será que a malta faz nesses dias?

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Sputnickadelas