segunda-feira, 21 de maio de 2012

mundo ao contrário

A presença nos bastidores de um casamento, com direito a observação do entra e sai de comida, e algumas conversas com um chef muito rodado nestas andanças, deu-me o retrato fidedigno do quanto se estraga, se desperdiça, e se esbanja de comida, em ocasiões, como estas. Poderemos invocar que é mesmo assim, que um dia não são dias mas mesmo assim, discordo. Comer em excesso, e estragar, não é sinónimo de felicidade, e muito menos de inteligência.
Se num evento isto é grave, torna-se totalmente insano, o procedimento diário da escolha da comidinha que nos colocam nas prateleiras dos supermercados. Porque tudo tem de ter o mesmo aspecto, o mesmo formato, a mesma cor, o mesmo tamanho. Tudo o  que não obedece a estes critérios, vai para o lixo. A qualidade é deixada para segundo plano, porque todos sabemos, os primeiros a comer, são os olhos, embora ninguém coma com eles. Mais uma vez questiono a sanidade. Não a deles, os que ditaram estas regras, mas a nossa, do povo em geral, que à laia de rebanho compra as coisinhas todas normalizadas, em vez de questionar a qualidade e o sabor, e mesmo os critérios de escolha, com os consequentes desperdícios. Porque por mais bonitas que sejam as maçãs dos hipers, as que compro às velhotas no largo da igreja em Alfarim, disformes, desiguais, algumas até com toques, têm sabor, e cheiro. Seria bom usar de alguma pedagogia, e mudanças radicais, quanto ao que considero serem autenticas distorções - o esbanjamento, e a falta de qualidade daquilo que se come. Mas isso são as minhas utópicas ideias de um mundo ao contrário.

2 comentários:

  1. Mas tens tanta razão! Contudo, nem todos temos à porta velhotas a vender as maçãs que crescem nos quintais, e mesmo que se opte pela mercearia da esquina, ela fornece-se precisamente...nas grandes superfícies. Parecido ao que dizes só mesmo o biológico e, mesmo assim, nem sempre tem qualidade...depende... O ideal mesmo era cada um poder plantar umas coisitas para o seu consumo :):)
    Quanto aos desperdícios, são vergonhosos. Esbanjar sempre foi considerado pecado, nos dias que correm, deveria ser mortal! Espero bem que essa gente que ainda continua a viver como se nada estivesse a acontecer, tenha, pelo menos, a dignidade de aproveitar bem essas sobras.
    Beijinho

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  2. Vivemos disso Sputnick, e pior, continuamos a cultivar. Por vezes nem me apetece questionar-me sobre o que tal realidade revela de nós...

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Sputnickadelas