sexta-feira, 26 de julho de 2013

com os azeites

Habitualmente, levo as considerações pela desportiva, com uma pitadinha de humor à mistura. Hoje, ele apanhou-me de nortada, ou dizendo de outra forma, com os azeites.

Conheço-o e conheço-lhe da vida e dos seus o suficiente para poder esgrimir observações. Aparentemente nem morremos de amores um pelo outro. Passa por mim e diz em tom sarcástico - a trabalhar? ainda? com essa idade? - Meu caro, se a saúde me permite, seria um crime e pecado não trabalhar. Sabendo que o sujeito se reformou de tenra idade, pouco depois dos 50, de uma comoda posição militar, e sabendo-o adepto fervoroso da igreja, dei-lhe ali duas cajadadas, a avaliar pela resposta - olhe que eu trabalhei durante muitos anos, e não é pecado estar reformado. O senhor lá sabe retorqui mas para qualquer lado que me vire vejo tanto homem válido na condição de inválido remunerado que penso que este país não aguentará sustentar tanta gente merecedora. Resposta -ah, já vi tudo, o meu amigo está com medo que quando chegar a sua vez já não haja para si. Tive de rematar - já estou conformado com esse cenário, e pergunto-lhe se o amigo está ciente que aquilo que come agora, irá faltar aos seus filhos e netos. Pense lá um bocadinho, e depois vá-se confessar.

Seguiu de bolsos cheios pelas mãos descalejadas, de nada fazerem. Fiquei eu a dar seguimento ao meu trabalho. Eu e os meus azeites.

Creio que não tornaremos a dialogar.

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