domingo, 30 de junho de 2013

a banhos

E hoje, porque mereço e sei como fintar as bichas, permiti-me a uma boa sessão de banhos em frente ao bar do peixe, no Meco. Ficaram-me alguns tópicos de uma proximidade maior que a desejada, mas é o preço de vir a banhos ao Atlântico, num domingo em que tugas sem muita esperança (pelo menos, muitos) afogam as suas mágoas, esperando que a semana comece o mais tarde possível. Entre os mergulhos, as batatas fritas, o Saramago e o Seu Jorge ficam as observações alinhavadas assim à laia de cusquice, tão próximas estavam as coisas dos meus óculos escuros.
  • água - divinal, cristalina, o Meco sem ondas é coisa rara, e falo com mais de 30 anos de devoção.
  • bar do peixe - atulhado de gente. não concebo a ideia de estar a comer numa redoma de vidro, a poucos metros do mar, com 38 graus.
  • batata frita - não dispenso na praia. já me vem este hábito desde os anos 60, nas praias da Costa. Quando a batata de pacote era aquela coisa...
  • espanhóis - muitos. mesmo ali ao meu lado. felizes por estar no oceano, fizeram pouco mais de 200 km para ver o mar. lastimavam-se com as portagens. país de mierda escutei a um. não sei se era o nosso, o deles, ou ambos. mira que lindo el mar.
  • nomes - das crianças. escuto os nomes dos pirralhos, quase tudo ligado à realeza e nobreza. existe algo que um dia alguém tem de explicar, os gonçalos são milhões. existe qualquer coisa que liga o sub-consciente de quem baptiza com uma secreta devoção à realeza. se o PPM sabe disto... hoje ouvi um pai chamar o filho de santiago, ainda bem que não exagerou...para compostela.
  • óculos escuros - essenciais na praia. porque sim. pelo sol. pelo cenário. porque podemos estar a fingir olhar para o mar.
  • putinha - estou dentro de água, lá mais para afrente, na zona fora de pé dois adolescentes namoriscando. duas meninas para a mesma idade do casal vão nadando à rã: 
    - vamos fazer de emplastro.
    - não, eu vou é fazer-me ao gajo, ele é tão giro.
    - mas ela é a tua melhor amiga!!!!
    - pois é, e depois?
    - putinha!
    - pois sou. shhhhhh!
  • saramago - cada vez mais apaixonante. os cadernos espelham entre muito mais, o vidente. não fosse ele um ateu assumido e convicto e a padralhada ainda o beatificava.
  • seu jorje - no mp3. jorge merece muito mais que o reconhecimento da obra no é isso aí, ele prova como o samba fervilha e se renova. bem hajas Ana Carolina.
  • tatuagens - na maioria vejo-as em pessoas fuleiras, e fuleiros são os desenhos que essas pessoas decidiram decalcar até à morte. estranhos pactos estes que se fazem com as tatoos. Mais uma vez questiono aqui a exibição. Uma pessoa uma vez disse-me: só tenho uma (tatuagem) e só a vê quem merecer. presumi que nem estando ela de bikini a veria. e não vi.
  • tias - no Meco, são inevitáveis. tal como os gays e as lésbicas, mas a malta já não vive sem eles. e elas. são as mesmas roupas, as mesmas poses, as mesmas conversas, os mesmos óculos. parece que a crise e a noção do demodée não lhes chegou.



2 comentários:

  1. Tenho os cadernos todos e ainda não peguei em nenhum. Imperdoável, está mais do que visto... :)

    ( As tias vão haver sempre. Diria até que aumentam, em tempos de crise, tendo em conta que a maioria são falsas. Não?...)

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    1. Falsas claro, as verdadeiras não se exibem, nem andam à procura de nada :)

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Sputnickadelas