segunda-feira, 24 de junho de 2013

salvo conduto

Há momentos em que sinto que vivemos em permanente estado de salvo-conduto. Na verdade, nada é nosso. Tudo é avulso e a prazo. Ok, pagou-se o carro, mas há que lhe pagar os impostos, o seguro, a manutenção, o combustível, e se chegada a hora do abate, há que reiniciar o processo de novo. Caso possamos. Temos a casa paga? Ok, é nossa. Escriturada no notário e tudo isso. Mas depois lá vem a carga fiscal, e os saneamentos básicos e os etecéteras. Experimente-se não pagar as contas e teremos um batalhão de credores a morder-nos nos calcanhares, até que, pagas as contas nos concedam mais uma licença de permanência na sociedade. É um bocado como não ir ao doutor, que diz ao paciente: não vens à consulta? então não levas a receita. Depois não te queixes que te sobe a tensão. E lá vai, obediente, o paciente pagar a consulta, para receber o seu salvo conduto, no caso, em forma de duas caixas de comprimidos. Efémeros portanto. Tal como a conta que se paga hoje. Porque a próxima vence-se no mês seguinte.

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Sputnickadelas