segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Seixal, ou o retrato de Portugal


Decido-me em dar um giro pelo Seixal. Para além do benefício do caminhar, o fito eram os retratos. Contudo o melhor retrato daquele Seixal que tanto visito, é claramente  a semelhança com o meu país.

De um lado, o imponente edifício municipal, não integrado, deslocado, mamarracho, e carérrimo para sempre. Do mesmo lado outros edifícios, de menor luxo, mas também eles deslocados da vila, da população. O exemplo de que quando há dinheiro fácil, e se tem a rédea da decisão, se podem criar estes elefantes brancos. Uma foleira cascata artificial obviamente inactiva, seca de água, mas cheia de lixo, que rasga os relvados adjacentes, denuncia os sinais de degradação deste novo-riquismo.


Do outro, na vila, proliferam as casas de habitação, e os estabelecimentos votados ao abandono. Os cartazes anunciando a venda tentam a sua sorte, no meio daquele aglomerado de ruína e escombros. As gentes que por ali moram, envelhecidas como as casas vão co-habitando com as novas e recentes gentes que se tentam desenrascar na apanha ilegal da ameijoa. Por ali jazem também, vazios, os locais onde funcionavam os serviços agora instalados no "outro lado".

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