segunda-feira, 23 de julho de 2012

partidas

Não se escolhem pais, mães, ou filhos. Os nossos são os nossos, e ponto final. Nem sempre tive uma relação muito próxima com o meu pai, por força das escolhas da vida, mas sempre gostei do pai que tive, lamentando a sua partida cedo demais. 
 
Dos vários amigos que tive, e tenho, o pai de um deles, destacou-se sempre como meu preferido. Digamos que em muitas ocasiões, a autoridade, os conselhos e a presença que exercia sobre o meu amigo, me tocava por tabela. 
 
E que amigo esse, logo o mais importante, o mais presente, o mais confidente. Com ele partilhei as muitas audições aos vinis sagrados, bem como o início das lides musicais, que se prolongaram até perto do virar do século, atravessando muitas formações. Fomos parceiros de muito mais do que na música, e não tenho dúvida em afirmar que pouco ou nada escondíamos do outro. Quando casei, ele foi o meu padrinho, e quando ele casou, eu fui o dele. 
 
De certo modo, a partida do seu pai, é para mim, a perca de outro pai que silenciosamente adoptei. Justamente no mesmo dia em que me vieram parar às mãos fotografias do escaldante ano de 75, onde eu e o meu padrinho, afilhado e amigo abrilhantamos um pouco concorrido evento rosa.

1 comentário:

  1. Uma perca é sempre uma perca. Uma perca de quem gostamos não tem altura aceitável, não tem lugar no nosso corpo. Um beijinho.

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Sputnickadelas