quarta-feira, 24 de novembro de 2010

'tou de greve



Hoje é dia de greve, palavra que vem lá da França, ou não fossem estes franceses, gente das democracias, dos direitos e das liberdades. Fazer greve é grave. A greve pára, entope e paraliza. A greve abandalha, cria desordem. Gritam os da greve cânticos de descontentamento, sentem-se explorados e roubados. O exemplo que vem de cima não é o melhor, diría que incita mais do que a uma greve, que já de si é grave. O exemplo alienado que vem de cima, em gastos sem rei nem roque, em auto-financiamentos, luvas e polvos, sugere uma revolta, não apenas uma breve greve.
Não a fazem, os desempregados, não a fazem as crianças, não a fazem os reformados. Nem as donas de casa. Porque terão os que trabalham de ser do contra, e desacelerar a tão debilitada recuperação? Questionam, em ar de vítima inocente, os de cima. É grave, fazer greve. Mais grave é roubar, mais grave é subir as minhas regalias à custa do dinheiro que te sugo.
A greve de hoje, dizem, coloca o país do porreiro-pá em banho-maria, au ralenty, quando deveria ir em quinta ou sexta, se a houver, em modo cruzeiro. Contudo, se são apenas os que trabalham neste país que vão fazer greve, presume-se que a mesma seja de pouca monta, pois, sabe-se, por aqui poucos trabalham. Aos que a fazem, que a façam, aos que são a causa da greve, que ganhem vergonha, e trabalhem, mas bem, e se deixem de comprar chapéus de chuva para o verão, como acaba de acontecer com os submarinos, perdão, os blindados, para a Nato, que já era, e os blindados ainda não são, mas vão ser. Que se faça greve contra esta gente e se pare um País sim. Que as pessoas acordem, e contrariem a triste frase, de que o povo é sereno. Que a malta não se sinta culpada, porque a grave greve vai custar uns balúrdios, porque afinal, eles, os que causam a greve, gastam balúrdios.
E depois, nem se nota nada, porque vejamos, num país que mete dias, por dá cá aquela palha, seja porque é junto ao feriado tal, seja porque o Ratzinger veio benzer o povo, seja pelas cimeiras, tudo serve para um dia de pausa. Por isso, este dia, o da greve, caso não a tivesse, sería o único dia legítimo para pararmos todos, e provocar o tal custo dos balúrdios.
Tenho dito, e mais não digo. Entrei em greve.

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Sputnickadelas