sábado, 11 de maio de 2013

Bangladesh - a culpa é do consumo

Quando visitei a fábrica de aspiradores da conceituada marca europeia, o chefe daquilo, informou a comitiva: esta fábrica vai ser toda deslocada para a China. Alarmados, alguns questionaram, e a qualidade do producto? - Inferior, mas compatível com os padrões da marca, teremos um PVP mais competitivo, vamos penetrar outros mercados, com a vantagem de pagarmos salários vinte vezes inferiores aos daqui - respondeu, num inglês arranhado.

A esta hora, certamente estarão a ser vendidos, por esta europa fora, aspiradores, confeccionados com materiais rascas, por gente que ganha tuta e meia. E a malta está-se borrifando.

A esta hora, certamente estarão a ser vendidas por esta europa fora, milhares de peças de roupa, em lojas de nome, confeccionadas em condições sub-humanas, por gente que nem meia tuta ganha. E a malta está-se borrifando.

Porque afinal, o ser humano nem sempre evolui da melhor forma. Finge que não sabe, ou não quer saber aquilo que deveria exigir. E recusar. Deveria ter o cuidado de, no acto da compra, informar-se do país de origem do bem que vai adquirir. Não é pois este ser humano menos predador e selvagem, do que aquele que ostenta cabeças de animais embalsamadas por cima da lareira, e cinzeiros em marfim na mesa da sala.

2 comentários:

  1. Há muito tempo, fava-se num dos perigos da internacionalização, e acho que ninguém percebia. Como tudo o que é nefasto, acabou por perceber-se à força. E à custa de vidas...

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  2. A internacionalização não é a culpada, ainda que estas pessoas ganhem menos em outra ocasião não ganhariam nada e de certa forma esse é o inicio para o desenvolvimento. A culpa é nossa que compramos sem saber a procedência, cultivando o fenômeno da exploração.

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Sputnickadelas