quinta-feira, 26 de abril de 2012

o (meu) 25

Acostumado que fui, por via materna, às andanças da Esquerda - em 72 já conhecia o hino Avante Camarada - não teve em mim aquele dia 25, o efeito surpresa. Nem escutar a senha Grândola, vila morena. Nessa data, muitos dos LP's que carregava entre os livros e cadernos do liceu, eram dos cantores do contra - Zeca, Adriano, Sérgio, Mário, Letria. Adivinhava-se uma mudança, não se sabia ao certo qual, e a sua origem. O resto todos sabemos como foi. Do 25 em diante, como diz o Roberto, emoções eu vivi. Pela primeira vez, desde estes 38 anos, não me apeteceu festejar, não me apeteceu participar. Lá se foi o Sérgio Godinho ao vivo, o fogo de artifício, seguido dos Expensive Soul. Lá se foi o acompanhamento das bandas filarmónicas do Seixal, a tocarem em conjunto aquela marcha militar do MFA (que por curiosidade é originária dos Estados Unidos). Ontem andei cinzento como o tempo, cinzento como os fatos dos senhores da pide, triste com a partida do Miguel, inconformado com reedição do discurso autista de Cavaco. Revoltado por se confirmar que o meu país é recordista mundial do aumento da carga fiscal. Ontem andei eu, comigo mesmo e os meus pensamentos, cantarolando em surdina o Zeca, eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.

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