segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crise - Sinais

A minha amiga confessa-me um estado de ansiedade que se lhe instala a cada final de tarde de domingo, e aumenta com o aproximar da segunda-feira. Não é que nos restantes dias semanais aquilo que lhe atormenta a alma não aconteça também, mas às segundas, diz-me, os casos mais dramáticos parece que são escolhidos a dedo, e caem-lhe literalmente em cima, dada a posição que ocupa, na máquina de estado, o fisco. É ali, e nela que se escutam gritos de desespero, choros, amarguras, ameaças até. Ali se situa a última linha da consequência. Diz-se que coração que não vê, é coração que não sente. Mas não, diz a minha amiga, porque ao despachar papelada, ela já está a sentir pelos outros, dado que não lhe foi dado o condão da imunidade à observação da desgraça alheia. E claro, a coisa piora, quando depois de lida a papelada, os visados lhe entram portas dentro, avivando a angústia, confirmada quando o domingo se vai acabando.

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