domingo, 11 de dezembro de 2011

Nobre Povo, em dois actos

O destino seria o Chiado, mas os domingos servem para isto mesmo, fazer o que nos dá na gana, e mudar o bico da agulha a nosso belprazer. E foi assim que me decidi parar ali pelos lados de Alfama em busca do Panteão Nacional. Nunca o visitara. Julgava-o menor. É imponente, tem harmonia, e guarda quem, se hoje por aqui viesse, decerto duas vezes morreria, perante a desgraça e desnorte deste país, ou do que dele resta. Subir ao topo, degrau a degrau, é coisa parecida com uns oito andares bem medidos, sacrifício merecido pela visão de causar vertigens que proporciona, de toda aquela nave, com a voz da Dona Amália como pano de fundo, a ecoar no espaço. Arrepiante.


Também sem programação prévia de visita, o Museu do Fado convida-me a entrar, e que bom que é ao domingo, pois por enquanto, é de borla. Do museu, esperava mais. Falta-lhe a alma do Fado, apesar de todos os conteúdos existentes. Falta-lhe a recriação dos ambientes, das casas onde nasceu o Fado, falta-lhe transmitir a magia, um pouco como se recriam os ambientes nas peças de teatro. Desiludiu-me a pouca presença do grande Carlos Paredes, naquele espaço. Se alguém me disser como já escutei que o mestre não é bem do fado, a esses eu responderei que todo o Fado muito lhe deve. E como remate final, poderei enunciar uma boa mão cheia de guitarras expostas, que apesar de soberbas, nada têm a ver com o Fado. Logo, questiono-me, porque carga d'água estão ali expostas aquelas guitarras, e porque escondem o Carlos Paredes, como sendo um mal-amado. Nobre povo, sim. Uns mais que outros.








2 comentários:

Sputnickadelas