quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

o Senhor Eduardo


Não sei se parte da culpa foi dele, que muito me ensinou. Ou da minha mãe, que acedeu ao pedido, ou mesmo à minha determinação em ter uma bicicleta de corrida. Nesses tempos a bicicleta era sobretudo, a pasteleira, pesada, lenta, muito usada pelas gentes mais velhas, nas suas idas e vindas, fosse do e para o trabalho, ou qualquer outro afazer. O uso da bicicleta nada tinha de lúdico, era a alternativa a andar a pé, ou de carroça, ou apanhar a carreira, já que a motorizada era coisa de gente mais endinheirada. Quando surgem as bicicletas de corrida, não havia jovem que não sonhasse com uma, e alguns afortunados aqui da terra, conseguiram-na. Eu fui um deles. As voltas eram mais que muitas, e de volta em volta, por vezes com uma ou outra queda, cedo chegaram as avarias, pelo que toda a comunidade ciclista rumava à pequena oficina do Senhor Eduardo, homem que conhecia o biciclo como as suas próprias mãos. Ali passei com ele muitas horas. Umas por necessidade directa, outras só a ver como se fazia, e até algumas, a aprender, assim como que se o Senhor Eduardo, fosse o Alfredo do Cinema Paraiso. Hoje, mantenho a minha paixão pela modalidade, e não dispenso uns bons cinquenta quilómetros semanais, não em bicicleta de corrida, mas naquela que viria mais tarde a aparecer com o nome de montanha. O equilíbrio sobre aquelas duas rodas, equilibra-me a alma. E se quase faço toda a manutenção da minha pasteleira de montanha, devo-o ao Senhor Eduardo que pacientemente me corrigia as afinações às bicicletas de então.

1 comentário:

  1. :) Eu tb tive uma pasteleira. E de facto, e não obstante ser mulher, na altura era um bocado arrapazada, e lembro-me de delirar com a minha primeira BMX. Linda de morrer :)

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