quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

o Dia do Valentim...

... que é como quem diz, a noite.
A sala encontra-se bafejada pela chama na lareira, que, só de a olhar, já nos aquece a alma. A luz, ténue confere aquele não sei quê de místico, onde quase tudo se vê, mas não claramente, deixando espaço aos tactos, aos brilhozinhos nos olhos. Pelas mesas, meticulosamente aperaltadas, espalham-se as pétalas secas, as toalhas negras, em contraste com os guardanapos vermelhos, sugerindo a volúpia que se adivinha para depois. Pingando aqui e ali, estratégicos balões, também eles vermelhos, em forma de coração. A culminar, uma selecção no stop de suaves temas, em fusão, numa espécie de swing musical, onde privam a Diana Krall, o Bublé, a Nora Jones, o Jamie, a Melua. Ali me encontro, no meio daquele cenário todo, a degustar a iguaria que se diz poder apimentar os fogos dos casalinhos, na função que lhes é sugerida para a data, rodeado das dezenas de lugares vazios, no mar das pétalas, nas mesas com os avisos - reservado. Na minha frente o lugar vazio. Ao lado também. De facto, estou completamente sozinho na sala decorada a vermelho e preto. Não tenhas pressa, saboreia, mastiga devagar - penso entre um gole de tinto e uma garfada - que os pombinhos ainda demoram a chegar. Mas enganei-me. Chegaram cedo, e saíram tarde. Quase todos ao mesmo tempo. Em uníssono. Como se tivessem vindo todos juntos numa excursão. Apressei-me a dar-lhes o que tinha, as músicas a condizer, enquanto divertido, os observava a cantarolar as palavras românticas dos temas que escolhi para o dia do Valentim. Ficaram todos consoladinhos. Os casalinhos.

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