terça-feira, 4 de setembro de 2012

todos temos o nosso dia, e uma história desse dia

Maria de Lurdes, tinha as contas feitas, seria lá para 10, ou 11, ou 12... Os planos do casal consistiam em, na proximidade desses dias, rumar à casa dos pais dele, em Arroios, na capital, dado que ali em Cacilhas aquilo era mais do que o lado de lá, a outra banda, era o fim do mundo. Contudo, feita a travessia do Tejo, estava-se em Lisboa, onde tudo se encontrava, e o resto do país, paisagem.

Mas o destino trocou-lhes as voltas. Conta Maria de Lurdes que no dia 3, o chefe, lhe dera uma valente reprimenda, sem fundamento, e não tendo em conta o avançado estado da gravidez da sua subalterna. Nervosa, Maria de Lurdes deita-se nessa noite com uma moínhas que atribui ao raspanete, novata que era nestas coisas de dar à luz.

E eis que madrugada dentro, o rebento lhe começa a dar sinais impacientes de querer sair do casulo, mesmo que ainda não fosse a hora. (deve ser esta a explicação para uma quase obsessão em nunca chegar atrasado). Chora a Lurdes de lhe dói, acorda o Manuel os vizinhos do lado. Há que fazer alguma coisa. Diz alguém que lá para as Torcatas, perto do Cristo Rei existe uma parteira.

Parte o Manuel em passo de corrida, (ainda não havia o metro) madrugada e rua fora em busca das Torcatas e da parteira, para regressar esbaforido, e a escorrer suor, após inglória busca da mulher.E eis que dá de caras com a Lurdes, os vizinhos, e seu filho, ao qual veio a alcunhar de Sputnik.

Eram sete horas da manhã, do dia 4 de Setembro de 1957, na Rua Elias Garcia, em Cacilhas.

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Sputnickadelas