sexta-feira, 14 de setembro de 2012

a la carte

Quando monto as minhas tralhas da música, é assim como quem se senta no seu carro, ajusta o banco, os espelhos, a fim de conseguir a melhor posição de condução, conforto e segurança. Monto tudo com a distâncias certas e convenientes, a fim de poder dar o melhor que sei, as canções, a quem se dispõe a me escutar. Se alguém aparece a pedir para cantar alguma coisa, muitas vezes, lá se vão as coordenadas, porque a simples presença de outra pessoa, de microfone ligado, pode afectar a sonoplastia original.

Mas há que ser simpático, e aceder ao público bem disposto, de onde vem a dica - aqui o meu amigo quer cantar. E lá concedo. Piurço e mais que estragado fico, quando o cantor, assim à laia de quem se senta à mesa do restaurante , e pergunta quais os pratos do dia, ou indaga sobre a especialidade da casa, me diz, às vezes com um certo tique de vedeta, olhando de lado para a pasta das músicas (umas 300)  - o que é que tem aí? Ao que eu sempre respondo - o meu reportório. Depois ele(a) insiste. E eu digo, o que é que gosta de cantar? E responde a pessoa - qualquer coisa. E nisto começa-me a desfolhar à toa, sem qualquer atenção, o meu dossier. Aí, passo-me, e digo - está tudo à espera! E lá vem uma dica. Desta última vez o cantor até era bom, pediu o My Way, indicou o tom em que o canta tal como fazem os fadistas. És artista, e estavas a armar-te aos cucos, pensei, espera lá que já te passo um exercício mais difícil. E depois empurrei-o para o New York New York e o gajo lá patinou no fim. Isto só por causa do - qualquer coisa, de me ter mexido no dossier, e me ter deixado o som todo marado.

1 comentário:

  1. He he he! fizeste tu muito bem, cantar é para quem sabe e não para quem quer. Beijo

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Sputnickadelas