terça-feira, 18 de setembro de 2012

perdas

Conheci a P, era rapazote. Embora pacata, mas namoradeira, a P namorou dois amigos meus, e daí foi ficando alguma intimidade, aquela dos amigos dos namorados. Anos passaram, e reencontro a P, e embora ambas as ocasiões não fossem de alegria, houve lugar a longas conversações, que nos souberam muito bem.

Recentemente soube que a P perdera a filha, na idade adolescente, por doença implacável. Soube também do calvário sofrido nos meses que antecederam a partida de B. Soube que a P escolheu isolar-se literalmente do mundo, vivendo dentro de quatro paredes, nos últimos meses de vida da menina, aproveitando cada segundo de vida da filha, e dando-lhe o que lhe pode dar - amor. Já que vida, não podia.

Existem muitas formas de tentar minimizar tamanhas dores. Desconheço se outras a P está a tentar. Uma delas foi criar uma página na maior rede social do momento. Onde publica as fotos da B, onde conta e relembra os momentos vividos. Onde escreve, como se tivesse a certeza de ser lida pela filha. Sei que lhe faz bem, esta espécie de terapia, esta forma encontrada de não estar tão longe. Passo pela página com alguma regularidade, e comovo-me. Fico de olhos molhados, e treme-me a voz. Como se pode ficar insensível? A pergunta essa é a de sempre, e aquela que ninguém sabe responder - porquê.

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